Gente que faz :: Marcelo Ferrari

Como foram de Páscoa? Eu trabalhei penkas. E saí um pouco também, porque ninguém é de ferro. Daqui há pouco o FORA DE MODA completa um ano de vida. Então criei uma nova série que é GENTE QUE FAZ. Eu ia colocar FORA DE MODA ADORA, mas ia parecer um xoxo.

Para começar esta série, fiz uma entrevista com uma pessoa que eu adoro. Não, ele não é uma celebridade, como o termo vem sendo usado, mas superconhecido. Tem quem goste, tem quem não. Mas como dizia Nelson Rodrigues, a unanimidade é burra.

No Coliseu com a famosa cara nem-confiança

A maioria das pessoas o conhece pelo apelido Marcelona, um dos personagens mais emblemáticos na noite. Ele já foi hostess da Base (mas isso a maioria das pessoas nem sabe que existiu), door police no Paradise quando acontecia no Lov.E, e da área VIP da Level…deu até saudades. Hoje só faz festas especiais, como as da Diesel ou das noites Alelux dos seus amigos Johnny Luxo e Alexandre Herchcovitch. Marcelle é um apelido carinhoso que os amigos usam. Mas de uns tempos para cá, ele adotou o nome de batismo para escrever e produzir editoriais na House of Palomino. Coisas de Marcelle é quase como um blog dele dentro do site da Erika.

Ele já teve seu perfil na revista i-D, já foi homenageada pelo festival Mix Brasil, foi ovacionado no Teatro Municipal, no prêmio Noite Ilustrada, que completava 10 anos em 2002: “Este foi o momento mais emocionante destes anos todos. O teatro todo me chamando de baiana (carinhosamente, é claro!) foi inesquecível, não parei de chorar por uns 3 dias…”, relembra Marcelo.

Eu sou testemunha deste momento-choro de Marcelle

Descendentes de italanos, tem o mesmo sangue quente dos seus antepassados. Passou uma temporada na Itália e, como dizemos como uma brincadeira particular, viaja muito “para fora”. Pergunto o que ele traz de experiência destas temporadas internacionais: “Pedir por favor e dizer muito obrigado em várias línguas…rs”.

Oi meu nome está na lista…ÃHN?

Como hostess tem fama de bravo. Depois de trabalhar na noite, sei muito bem o porquê. Numa festa bombada todo mundo quer entrar, todo mundo é seu amigo, todo mundo quer ser VIP. Então quais os critérios para entrar numa festa em que ele é door? “Passa sempre quem é convidado do dono da festa. Nas casas noturnas o tapete vermelho vai para quem traz dinheiro ou prestígio para a casa, afinal de contas é um negócio, né?”.

Eu sempre leio Coisas de Marcelle. Tem uma estrutura de blog e matéria ao mesmo tempo. A última é sua aventura na 25 de Março. “Pode ser algo em que eu esteja pensando muito, ou algo que acabo de ver…tem que ser espontâneo senão fica tolo”, explica como Marcelo monta sua pauta. Mas independente sobre o que está escrevendo tem sempre um jogo inteligente dentro do texto, uma boa sacada. E termina com uma assinatura que faz a referência final, que é um resumo de tudo.

É uma outra qualidade dele: timing. Marcelo não se perde em devaneios e frus-frus desnecessários. Isso fica comprovado nas suas performances. Sei Belissima, é um dos seus clássicos. Entra com um dos seus famosos casacos de pele, peruca loira, e quando sorri, uma daquelas dentaduras horrorosas. E durante a performance ao som do clássico italiano que dá nome a performance, ela mostra placas em forma de balão de histórias em quadrinhos: Baianas, Véia e por aí vai. Sua persona performance já fez história também em curtas metragens de morrer de rir. Exemplos? Selma e Denise e Arquivo Uó, onde ela interpreta uma versão da agente Scully. Mas não ficou só nisso, ele fez uma ponta em Carandiru também.

Arquivo UÓ com Marcelle fazendo a Agente Scania

Tem 4 coisas que o Marcelo adora: suas tatuagens, bonecas Barbie, casacos de pele e tênis. “Tinha algumas poucas espalhadas mas agora tenho os braços, costas e bunda todas cobertas com um único desenho. Viz com o Ivan Szazi, um húngaro incrível que arrasa nos desenhos orientais, luxuoso!”. Desenho incrível que ele não tem nenhum problema em mostar, como podem ver na foto tirada pelo Fabio Tavares, ao lado do Renato Ratier, numa destas noites que eu fazia a Freak Chic.

Sobre o polêmico uso do casaco de peles, responde: “Tenho alguns, mas como são meio vintage acho que pode, né? Rs. Acho que essas pessoas que se dizem contra o uso de peles muito pentelhas pois eu DÚVIDO que não usem nada de origem animal. Quer ser ativista? Um bom começo é doutrinar seus familiares e fazer o churrascão na laje do final de semana ser só com vegetais!”

A coleção de bonecas Barbies é realmente incrível. “Era sócio de um clube onde tinham muitos gringos e cresci vendo as meninas brincando com bonecas incríveis, acho que fiquei com aquilo na cabeça. Só coleciono as de 1959 até o começo dos anos 70. A família dela é enorme, tem namorado, irmãs, amigos, etc. Eu adoro a Twiggy (modelo que a Mattel produziu em 1968) e um Ken (namorado dela) , o primeiro, bem velinho…”

O que pouca gente sabe é que algumas das hypadas camisetas do Alexandre Herchcovitch foram desenhadas por ele: “Amo a da caveira com beijo na testa e que foi produzida com cristais vermelhos como se fosse batom, a da caveira com coroa, a do cachorro esquimó, a de tapete de zebra com caveira…”

Marcelo Ferrari é gente que faz e o FORA DE MODA ADORA!!!! E para quem não gosta, nem confiança. Assinado Índia, que é como ele me trata carinhosamente!

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