Quando fui convidado pelo Houssein Jarouche para fazer a exposição Do Outro Lado do Muro, ele me mostrou o projeto do novo espaço da MiCasa que vai substituir a casa na rua Atlântica. Na linha o mundo-é-bem-pequeno quem fez o projeto é outro amigo de longa data, Marcelo Roseunbaum, que no seu blog explica todo o conceito do espaço.
Eu tenho uma profunda admiração pelo trabalho do Roseunbaum pelo compromisso sincero de resgate de questões muito brasileiras na arquitetura e decoração. Brinco que ele está para arquitetura como o Ronaldo Fraga está para moda.
Eu já fui arquiteto e na época que era estudante fiz vários cursos de bio-arquitetura no Tibá. Lá com o arquiteto holandes Johan van Lengen aprendi várias técnicas construtivas sustentáveis. Foram várias idas e vindas até Nova Friburgo no Rio de Janeiro. Quando vi o projeto do Roseunbaum liguei para ele para comentar sobre a revolução arquitetônica que ele estava fazendo ao propor uma arquitetura orgânica feita de adobe.
Ele explicou que a fonte de inspiração estava na casa do João Barro e na cultura indígena para fazer as duas ocas do projeto. O adobe é uma técnica ancestral de construção presente em várias culturas e que foi adotada pelo arquiteto para diminuir o impacto da construção com o meio ambiente, pois eles vão utilizar a própria terra que vai ser retirada do local para construir as duas ocas.
Para fechar com chave de ouro, o projeto prevê a inclusão e capacitação de jovens no processo construtivo através do Instituto Arapoty, fundado por Kaká Werá Jecupé, outra pessoa incrível com quem já pude trabalhar. Ele é um índio tapuia, escritor, ambientalista, conferencista, e seu trabalho é a difusão dos valores sagrados e éticos da cultura indígena. Ele é consultor do Instituto Elos, do qual faço parte e faço a comunicação da Escola de Guerreiros. É o tipo da pessoa que você conhece e muda sua vida.
O “complexo arquitetônico” da MiCasa teve o primeiro projeto feito pelo escritório mezzo francês-mezzobrasileiro Triptyque. Uma imensa caixa branca com aberturas singulares para visualização dos objetos de design. Depois veio Volume B do Marcio Kogan que revisitou princípios da arquitetura moderna brasileira, com uso do concreto aparente e um rasgo de vidro localizado na parte de baixo do cubo.
Assim, o Houssein vai dialogando com momentos da arquitetura e suas relações com as imediações da rua Estados Unidos. Agora, com o projeto do Roseunbaum, ele foi muito além. A arquitetura não é moderna,nem tão pouco pós-moderna por usar referências do passado. Fazia tempo que não via um projeto no Brasil que eu gostasse tanto. A construção começa em janeiro de 2009 e está prevista a inauguração em 2010.
Assista ao vídeo da apresentação e diga que se concorda ou não comigo!
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