Fischerspooner faz um show de performance

Foto do ensaio do Fischerspooner (Ulrike Biets)

A 28a. Bienal de São Paulo abriu sábado para convidados e para o público no domingo. O duo americado Fischerspooner se apresentou ontem e foi a segunda de uma série de performances programadas para o evento. No sábado o Crivo fez a primeira apresentação e no domingo aconteceu a primeira aula do coreógrafo Ivaldo Bertazzo.

O Fischerspooner é uma dupla americana já esteve antes no Brasil, no Skol Beats de 2004. Na época, achei que eles sofreram num lugar tão grande e não funcionou muito. Eles ainda tocaram no Helvetia Club e fizeram uma surpresa no clube D-Edge.

Warren Fischer e Casey Spooner trouxeram sua banda, bailarinas e vídeos para sua apresentação. “Já que o nosso projeto é sobre a dualidade e o conflito entre arte e entretenimento, a ilusão da excitação é uma parte necessária da equação. Freqüentemente, esta ilusão se transforma em excitação real e esse é, no fim das contas, um dos nossos objetivos. Nós lutamos para borrar as linhas entre arte e entretenimento e levantar questões sobre contexto e significado”, declarou Casey a Folha de São Paulo.

As diferenças entre o que seria um show tradicional de música eletrônica e uma performance artística são realmente muito sutis. A chave para entender a razão deles estarem na Bienal ocorre em certos momentos de distanciamento que Casey promove ao longo da apresentação. É como se a performance ocupasse um delay do show deles.

Foto do ensaio do Fischerspooner (Ulrike Biets)

No número de abertura, eles brincam com os códigos Kabuki, teatro tradicional japones. Nas duas televisões de plasma colocadas na parte lateral do palco passavam cenas de uma peça Kabuki e Casey e o baterista repetiam de forma debochada os mesmos movimentos.

Em vários momentos da performance, eles fazem isso, misturando cenas de ensaio das coreografias e o resultado sendo visto no palco, cenas de videoclips da música que estava tocando. O melhor é quando Casey interrompe o show para reclamar do som e pede para voltar o vídeo e a música. Quando a música entra, ele diz Não, coloca mais para frente, então ele sobrepõe a voz dele ao playback e continua o “show”. Em outra parte, ele declara: “Imagem é tudo”. O humor ainda é a melhor crítica.

Tudo é debochado e ao mesmo tempo cheio de efeitos de figurino, coreografias a la All That Jazz, muito bate-cabelo, luzes, com uma estética cheia de armadilhas beirando ao ktisch. Tem até um momento bem 25 de Março com um casaco feito com fios metálicos gigantesco. Foi de chorar de rir. Por outro lado, a música é super bem executada e põe o povo para dançar. Pelo menos os clubbers que se misturavam com neo-hippies, artistas, curiosos, numa mistura impensável para numa casa noturna, por exemplo. Vi uma menina de vestidão tie dye saindo no meio, tampando os ouvidos.

No fim, depois de um passeio pela Bienal e de uma manifestação polêmica de um grupo de 40 pichadores (eu ia escrever um post, mas eles nao merecem mais fama que conseguiram com o ato de vandalismo), o Fischerspooner comprovou que o que vai valer no evento vai ser a performance mesmo. O caráter chato e “arquivista” desta edição, ganha muito com a série de apresentações programadas até o seu final. É elas que vão preencher temporariamente o “vazio” que o curadores Ivo Mesquita e Ana Cohen propuseram.

2 Comentários

  1. Eu queria muito ter ido T-T

    Adorei esse blog! Muito interessante e informativo!

    ;*

    Musikaholic

  2. […] de Iânes na Bienal Sim, confesso que ainda não voltei a Bienal de São Paulo após o Fischerspooner. Porém, minha irmã, Suely Martins de Oliveira, que se formou nutricionista e perto dos 40 anos […]


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