Peter Greenaway é um dos destaques do Videobrasil

Dia 30 começa a maratona do 16º Festival Internacional de Arte Eletrônica SESC Videobrasil que tem como tema central as aproximações entre o vídeo, o cinema e as artes visuais. A inspiração central é o filme Limite (1931) de Mario Peixoto, que explorava uma estética narrativa que só foi reconhecida muitos anos mais tarde, com o advento da vídeoarte.


Trecho do filme Limite de Mario Peixoto

Tem muita coisa excelente para ver, nesta que se caracteriza como uma das melhores edições do Festival. Vale a pena conhecer os trabalhos superpolíticos de Marcel Ondenbach, o trabalho inédito no Brasil da dupla Rafael Lain e Angela Detanico, que representaram o Brasil na Bienal de Veneza, ou a estética gay de Kenneth Anger. Todavia, considero a cereja do bolo, Peter Greenaway, de quem sou fã confesso.

Peter Greenaway, que retorna ao Brasil depois de 10 anos, quando esteve no Rio de Janeiro em 1998 apresentando sua ópera Cem Objetos para Representar o Mundo, apresenta desta vez mais um projeto ambicioso: Tulse Luper Suitcases, composto de triologia cinematográfica, exposição e performance.


Peter Greenaway durante a filmagem em Barcelona de “Tulse Luper Suitcases”

Na triologia cinemtográfica, Greenaway conta a maneira de um game a vida de Tulse Luper, escritor e projetista que nasceu em 1911, em Newport, South Wales, e desapareceu em 1989, depois de passar anos entre prisões.

Na exposição temos 92 maletas (sim, a obsessão pelos números de Greenaway) que contém os objetos que Lupe deixou para trás, encontradas ao redor do mundo. No blog especial do Festival você pode ver o conteúdo de cada uma delas.

Na performance Greenaway usa uma interface touch screen e dá uma de VJ para reelaborar os filmes e histórias que envolvem o personagem e suas maletas, criando uma modalidade imersiva e eletrônica de cinema.

Peter Greenaway defende uma nova estética para o cinema

No dia 03/10 tem a palestra “O Cinema está morto. Vida longa ao cinema!”, onde Greenaway defenderá a tese que o cinema deveria abandonar a narrativa linear própria da literatura e abraçar as novas tecnologias com suas possibilidades de múltiplas narrativas.

SERVIÇO

Palestra
3.10, às 10h
FAAP (Rua Alagoas, 903, Pacaembu, São Paulo
Inscrição gratuita pelo tel. (11) 3662-7302 e pelo e-mail art.apoiocoord@faap.br

Performance
30.9, às 20h
SESC Avenida Paulista, área externa

Exposição
De 2 a 25.10
SESC Avenida Paulista, 4º andar

Triologia
Programa 1
CineSesc
2.10, às 21h; 4.10, às 23h; 5.10, às 14h

TULSE LUPER SUITCASES 1 – THE MOAB STORY
127’ | Peter Greenaway | Holanda | 2003 | 35 mm
Na primeira de três partes, acompanhamos Tulse Luper em três episódios distintos: como criança na Primeira Guerra Mundial, como explorador na Utah dos mórmons e como escritor na Bélgica durante a ascensão do fascismo. Pleno de floreios estilísticos, trata-se de um estudo denso e cômico da história do século 20, contada a partir do conteúdo das maletas de um homem.

Programa 2
CineSesc
3.10, às 21h; 6.10, às 14h; 5.10, às 0h

TULSE LUPER SUITCASES 2 – VAUX TO THE SEA
108’ | Peter Greenaway | Reino Unido | 2004 | 35 mm
Aqui, na segunda parte de três, encontramos Tulse Luper trabalhando em um cinema, o que lhe dá grandes oportunidades de cruzar caminhos com praticamente todos os aparatos artísticos e dramáticos conhecidos pelo Homem.

Programa 3
CineSesc
4.10, às 21h; 6.10, às 23h; 7.10, às 14h

TULSE LUPER SUITCASES 3 – FROM SARK TO FINISH
120’ | Peter Greenaway | Holanda | 2003 | Video
A trilogia chega ao fim com a prisão auto-imposta de Tulse na ilha de Sark, onde ele é entregue aos alemães por um trio de irmãs ciumentas. Acompanhamos suas viagens européias através de Barcelona, Turim e Veneza. Embora as 92 maletas tenham sido desfeitas e seu conteúdo usado como prova de sua vida e de seu tempo, a jornada de Tulse continua tanto no mundo real quanto no virtual.