Para encerrar ou começar a semana…

Para lembrar: “Eu atravessarei você com elegância, algum dia…Indo à deriva, poderei ver o mundo. Há uma grande quantidade de mundo para se ver. Nós procuramos a extremidade do mesmo arco-iris, seguindo através de suas curvas”

Que cada um ache seu próprio arco-íris! Boa semana!

Marciana lança coleção de inverno na internet

Enquanto chove lá fora….

Vou checando meus emails e recebo um da estilista carioca Marciana, que por incrível que pareça só nos conhecemos virtualmente. As primeiras pessoas que me falaram para prestar atenção nela foram o Robert Guimarães e o Fernando Molinari do Rio Moda Hype.

Ele desfilou 3 temporadas para eles: nas lançamentos dos Invernos 2006 e 2007 e Verão 2007. No começo ela me lembrava muito o Ronaldo Fraga e no seu último desfile deu uma guinada, com uma coleção inspirada em Toulouse-Lautrec com cores bem fortes. Isso mostra como o tempo e a experiência são importantes na trajetória de jovens estilistas.

Na última temporada ela participou do Fashion Business junto com novos talentos. Foi uma decisão bem acertada, afinal desfile custa caro, muito caro. De acordo com a própria estilista em seu blog, sua estréia solo no evento foi um sucesso. O tema de seu Inverno é “Encantos do Cerrado”. Agora, ela aproveita uma ferramenta muito conhecida da gente, o Flickr, para mostrar seu look book. Ótimo, não? Se o MySpace serve para lançar um monte de bandas, porque não usar a internet a favor da moda?

Seus bordados, acabamentos arredondados, romantismo estão todos lá. Mas sabe o que mais gostei? Do trench-coat branco usado com vestido. Esse tipo de peça, como sabem, é um dos hits do Inverno e acho bem inteligente nos dias de hoje, como bem lembrou Vivienne Westwood na sua passagem pelo Brasil: consumir menos e melhor.

Quando você compra uma peça versátil, que ao mesmo tempo é um casaco e um vestido, é uma estratégia inteligente, principalmente com seu bolso. Mulheres deveriam agradecer aos estilistas e stylists por esta solução!

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Geografia da Moda Brasileira: a importância dos Pólos de Moda

Para quem gosta de afogar em números:

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Desde que recebi o convite para cobrir Santa Catarina Moda Contemporânea fiquei pensando sobre como está a geografia da moda brasileira. Como moda é um fenômeno urbano, é claro que os grandes centros atraem a produção, confecção e distribuição do vestuário. Certo? Mais ou menos.

Numa pesquisa bem informal, é impressionante os números envolvidos no setor, que vão muito além das 120 marcas que estamos acostumados a cobrir nas semanas de moda brasileira. Os Pólos de Moda são os grandes responsáveis por reunir uma cadeia de produtores para que consigam entrar no mercado competitivo. Papel de destaque para o Sebrae e para o Fashion Business no Rio de Janeiro, que virou a grande vitrine para este mercado.

Segundo dados da ABIT, com um faturamento estimado em 2007 de US$ 34,6 bilhões, a indústria têxtil e de confecções deve registrar um crescimento de 4,85% em relação a 2006. Deste total, as exportações correspondem a US$ 2,4 bilhões. O setor é o segundo maior empregador da indústria de transformação, totalizando 1,65 milhão de empregados. São cerca de 30 mil empresas, que colocam o Brasil como o sexto maior produtor têxtil do mundo, representando 3,5% do PIB total brasileiro. Os investimentos em máquinas, equipamentos, tecnologia, design e pesquisa têm gravitado em torno de US$ 1 bilhão/ano.

A segmentação da cadeia têxtil brasileira realizada pelo IEMI – Instituto de Estudos e Marketing Industrial, em 2006, aponta para um total de 383 fiações, 593 tecelagens, 2.421 malharias e 723 empresas de beneficiamento; entre os produtos confeccionados, são 18.884 fábricas de vestuário, 1.157 da linha lar, 1.101 de meias e acessórios e 756 de outros produtos.

A ABIT destaca pelo menos 12 grandes conglomerados confeccionistas, mas existem empresas espalhadas por todos os Estados e territórios. São Paulo é o principal fabricante brasileiro de vestuário, com cerca de 15 mil empresas, distribuídas por várias regiões e atuando em todos os segmentos. Na capital, os centros de produção do Bom Retiro e do Brás concentram a maior produção. Há ainda concentrações na região de Sorocaba, Americana e São José do Rio Preto.

O Estado de Minas Gerais hospeda o segundo maior pólo brasileiro em faturamento. São cerca de 5 mil empresas espalhadas por duas regiões. No sul do Estado, está localizado o conhecido circuito da malha, que se destaca pela produção do tricô, principalmente blusas de frio. Nos arredores de Juiz de Fora, predomina a moda íntima. No Pólo de Confecção e Moda de Divinópolis (MG), há atualmente cerca de 3 mil empresas formais e informais da cadeia produtiva de confecção e moda atuam em Divinópolis. entre confecções, estamparias, facções, lavanderias, prestadoras de serviço e bordados integram a cadeia produtiva de confecção e moda do município.

Consolidada como uma referência no mercado têxtil brasileiro, Muriaé já movimenta mais de R$ 230 milhões por ano, o que corresponde a 44% do PIB regional. Nos últimos anos, o pólo vem investindo em máquinas e equipamentos modernos, no desenvolvimento de produtos, em pesquisa, utilização de tecidos inovadores e, principalmente, no design. A Beleza Rara, que atua há 15 anos no setor, conta com 70 funcionários e um faturamento mensal de R$ 300 mil, a empresa fabrica lingerie noite (camisola, pijama, baby dool) e fornece para grandes magazines como Riachuelo, Marisa e Leader.

O jeans é o carro-chefe do pólo localizado na região norte e noroeste do Paraná, considerado um dos mais importantes parques industriais do País. De lá sai quase toda a produção que abastece redes como Ellus, Zoomp e Forum. Trata-se de um corredor de 100 km que envolve as cidades de Maringá, Londrina, Apucarana e Cianorte, cuja produção chega a 130 milhões de peças por ano e o faturamento bate os R$ 2 bilhões. As cidades formam também o chamado corredor da moda. Existem ali 12 centros atacadistas e mais um está em construção em Maringá, com 160 lojas.

Das 4 mil confecções existentes no Paraná, cerca de 2 mil estão neste pólo. São desde tecelagens até lavanderias, fabricantes de materiais de acabamento, confecções propriamente ditas e até mesmo produtores de seda. Além do jeans, que responde por cerca de 70% do faturamento, as empresas da região atuam também nos segmentos de malharia, infantil, lingerie, moda praia e a chamada modinha (roupas do dia-a-dia). Marcas conhecidas de lingerie, como a Reco, e de jeans, como Pura Mania, Osmose (jeans), Kez (fitness), Titus (jeans), Lado Avesso (jeans), Camisaria Nacional.

No Fashion Business, o pólo de Londrina (PR) fez em sua estréia na bolsa de negócios e deve atrair confecções de todo o estado do Paraná para a próxima edição primavera-verão, em junho. A Mulher Elástica, a Silvia Doré, a Lucca e a Zue são algumas das marcas de destaque na última edição.

O Rio de Janeiro tem como carro-chefe a produção de peças íntimas em Nova Friburgo. Ele é o maior pólo confeccionista de moda íntima do país (lingerie dia, fitness e moda praia), com cerca de 800 confecções formais que geram 20 mil empregos. Além do mercado interno onde participa com 25% do consumo de lingerie, Nova Friburgo tem também forte foco para exportação, já comercializando seus produtos para o Mercosul, União Europeia, África, Oriente Médio, Japão e Estados Unidos.

Moda Sul Fluminense (Valença) – o pólo conta hoje com aproximadamente 400 unidades produtivas entre médias, pequenas e micro empresas, além de ateliês e unidades familiares. São confecções, facções, lavanderias e tecelagens que juntas, empregam cerca de 4 mil pessoas nas 20 cidades abrangidas pelo SINDVESTSUL (Sindicato das Indústrias do Vestuário do Sul do Estado do Rio de Janeiro). Mais de 40 grifes renomadas produzem suas coleções no pólo, especialmente em jeanswear, nas cidades de Valença, Rio das Flores e Barra do Piraí.

Moda de Petrópolis – atualmente com mais de 800 indústrias de confecção, que geram 30 mil empregos (indústrias, distribuidores e pontos de vendas) com faturamento mensal de cerca de R$ 100 milhões em mais de 8 milhões de peças/mês vendidas em todo o país. Os produtos principais são malha e tricô.

Moda do Noroeste Fluminense (Itaperuna) – representa 13 municípios da Região e reúne 300 fábricas, de micro, pequeno e médio porte, que geram 10 mil empregos e movimentam R$ 15 milhões por mês na economia regional. O pólo produz lingerie noite e fornece pijamas e camisolas para butiques e magazines nacionais, além de exportar para países da Europa e Mercosul.

Moda Niterói – reúne 250 confecções e gera mais 5 mil empregos diretos. A produção de Niterói é diversificada e multisetorial com empresas de moda feminina, masculina, praia e esporte, além de acessórios em couro, calçados, bolsas, jóias, bijuterias, e ainda ateliês de customização e alta costura.

Moda Praia Cabo Frio – com 400 empresas que geram 5.500 empregos, a moda praia produzida na região é exportada para Espanha, Itália, França, Portugal e México. Cabo Frio conta também com uma vitrine a céu aberto, a famosa “Rua dos Biquinis”, que possui mais de 150 lojas de moda praia.

Moda São Gonçalo – além do tradicional jeans, já conhecido por lojistas de todo o país, ali também são produzidas moda feminina e surfwear. O Pólo foi criado em novembro de 2005, com aproximadamente 200 empresas. Uma produção multisegmentada de jeans, moda praia, lingerie, surfware e casual. No mesmo ano foi inaugurado o Shopping das Fábricas, no Bairro de Nova Cidade. Além de fornecer para o mercado interno o pólo exporta basicamente para EUA, Portugal e Itália.

Moda de Campos – conta com 100 empresas formais e tem produção bem diversificada embora o forte ainda seja o jeans. Malharia, moda íntima e peças customizadas em ateliês são os demais produtos oferecidos pelo pólo que hoje gera cerca de 2.500 empregos.

Acessórios – Calçados, Bolsas e Similares do Rio – é formado por mais de 300 empresas no município do Rio de Janeiro, sendo que cerca de 60% produz calçados, e o restante, bolsas e outros artefatos. As empresas, na maioria de pequeno porte, geram 10 mil empregos diretos e indiretos. Produtos artesanais e diferenciados de grifes são produzidos neste pólo.

Têxtil do Rio – conta com aproximadamente 250 empresas que geram em média 5 mil empregos diretos na produção dos mais variados tipos de tecido, além de bordados e rendas. É formado por pequenas e médias empresas. A força das tecelagens pode ser avaliada nas exportações, onde 75% do que é produzido no Estado do Rio de Janeiro é vendido para outros Estados, e cerca de 5% segue para outros países.

Espírito Santo tem perto de 1.500 pequenas indústrias fabricantes de moda dia-a-dia, roupa esportiva e masculina. O Ceará conta com 2.600 empresas distribuídas por quatro cidades que se especializaram na produção de artigos de moda íntima e praia. No interior de Pernambuco existem 6.000 fábricas, produtoras de moda íntima, jeans, surfwear. No Sergipe, na região de Tobias Barreto, conta-se 1.300 confecções. Há ainda os já conhecidos pólos de Rio Grande do Sul, famoso pelo tricô, e o de Santa Catarina, com cerca de 6.000 indústrias, produtores de malharia circular.

O projeto Identidade do Sertão é resultado da integração do trabalho de mineiros e baianos, e vai representou os dois estados na Fashion Business. Apoiado pelo Ministério do Desenvolvimento Agrário e pelo Sebrae, o projeto apresentou a produção artesanal das cooperativas de agricultura familiar de Salinas, em Minas Gerais, e Valente, na Bahia.

No Pará, a Heccostura é um grupo que conta com 11 mulheres do bairro do Jurunas e todas já trabalham com confecção de vestidos e roupas em geral que são comercializadas diretamente com o consumidor. Já a Associação Santa Clara reúne 11 mulheres do bairro do Guamá.

A proposta do Moda Pará é criar condições para que artesãs e bordadeiras locais tenham acesso às novas tendências da moda, aprendam mais técnicas de confecção e acabamento para que a produção local ganhe mercado.

O Projeto Faber também foi outro destaque do Pará, que levou para o Rio uma coleção de bolsas, sandálias e acessórios desenvolvida por artesãos da ilha do Marajó.

Em Goiás,  o governo tomou várias medidas como as alterações na área tributária. O mecanismo da substituição tributária (o ICMS é recolhido apenas quando o tecido entra no Estado e possibilita um crédito posterior do imposto pago no Estado de origem) estimula empresas locais a elevarem o valor agregado do produto.

Atualmente, o algodão produzido ali – Goiás é o segundo maior produtor do Brasil, com 130 mil toneladas por ano – viaja a São Paulo para se transformar em tecido e depois volta para virar roupa em Goiás. Daí sai novamente para outros Estados, principalmente do Norte, Nordeste e o Centro-Oeste: só 10% da produção fica nas lojas goianas. Segundo dados da Agicon, Goiás tem 4,6 mil confecções formais e outras 4 mil informais.

P.S.: Este post é uma reunião de informações retiradas do Sebrae, Fashion Business, Textila, ABIT, IEMI