Reza a lenda que homens não podem ser editores de moda feminina, e eu concordo. Tem certas coisas que só uma mulher entende sobre a roupa que a gente por mais bicha que seja nunca vai chegar lá. Como detectar o desejo daquela bolsa, daquele sapato, daquele vestido? Só sendo mulher mesmo, não tem jeito.
Maria Bonita e Huis Clos: os detalhes que fazem diferença
A nós homens que vivemos de moda, resta admirar o shape, a construção, comprimentos. É contemplação e não desejo. Talvez por isso, eu gosto tanto do trabalho da Dani Jensen na Maria Bonita. São roupas atemporais, muito sofisticadas, ao mesmo tempo tem um ar solto, colorido, com cortes impecáveis.
Se a temporada pede etnia, a moda urbana chic da Maria Bonita faz uma viagem pelo litoral do Nordeste e traz de lá a rede de pesca e a renda que ganham versão luxo, nada nada folk. Aliás, é uma aula que ela dá sobre o uso da transparência. Vale a pena ver.
A Huis Clos também faz parte do time que a cada estação faz mudanças milimétricas. Quando eu trabalhava com a Regina Guerreiro, na escolha dos melhores desfiles era sempre um inferno na hora de decidir quem entra. A seleção dos melhores da Legendária, obedece aos critérios que atendem aos diferentes públicos femininos.
As duas marcas pertecem a mesma tribo, são sempre promorosas as suas coleções, então qual colocar como a melhor? Eram várias e várias olhadas e re-olhadas para se chegar na decisão final. Detalhes e mais detalhes sendo repassados para se chegar no veredicto.
A coleção de verão da Clo Orozco tem a mesma leveza e simplicidade da Maria Bonita. A marca carioca tem mais cor, mas a paulistana tem este trabalho que com um ponto, uma puxadinha aqui, muda toda a cara de um vestido.
Ele pega as pregas e transforma em babado, mas não desses que a gente já cansou de ver. Ela pega a estrutura da roupa e faz disso o destaque. Ela pega um jovem talentosa como a Sara Kawasaki e dá carta branca para ela criar.
E isso é um outro ponto em comum das duas marcas. Ambas jovens estilistas dão continuidade a um trabalho histórico na moda: Clo e Candida (já falecida) tem continuadoras de suas marcas. Ambas injetam frescor e ao mesmo tempo respeitam as características das marcas para qual trabalham.
Acha pouco? Estava assistindo a um desfile pela TV e demorei a reconhecer a marca que estava desfilando. Isto é péssimo. Agora, imediatamente sabia qual era a Huis Clos e a Maria Bonita. Isso é ótimo. Tem gente que reclama que elas mudam muito pouco. Eu ao contrário, dou graças aos céus.
FOTOS: Charles Naseh (CHIC)
6 Comentários
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FORA DE MODA 
Ricardo, td bem?
Muito bom o blog, adorei! Quando puder, please, me envia seu email pq mais pra frente teremos algumas sugestões legais de moda pra te enviar, ok?
bjs,
Tenho que confessar… Como sou mulher, mas não sou rica, compro na promoção, tá? Essas marcas são super femininas, sexies e atuais.
COMO DIZ SEU AMIGO VITOR ANGELO, AGORA VC ACABA DE ME INTORDUZIR EM UM “PENSAMENTO PROFUNDO”…
… SE homens não podem ser editores de moda feminina… COMO PODEM SER SERES MARAVILHOSOS CAPAZES DE ENTENDER TAO BEM A ALMA FEMININA QUE SAO CAPAZES DE CRIAR DESEJOS DE CONSUMO PARA AS MULHERES DO MUNDO TODO… TOM FORD, MARC JACOBS, JOHN GALLIANO ENTRE TANTOS OUTROS??? BJS
então, maria bonita é meu desfile preferido dessa edição de spfw (so far). mega amei, mega me emocionei. e quero mointo ganhar $$$ pra comprar alguma coisa dessa coleção, qualquer coisa. nem que seja um brochinho. =)
se rica voce compraria mesmo e’ yamamoto ne’ ?
Caro Ricardo,
se eu fosse rica SÓ usava maria Bonita e Huis Clos.
O Rafael Cardoso Denis (do Doutorado em Design da PUC-Rio) diz algo bárbaro sobre isso: elegância é uma meta comum ao design e à ciência, porque compreende um experimento que resolve o problema com economia de termos e demonstrações; o projeto elegante é transparente, simples, apreensível e compreensível.
Pois é!