A última Playboy do ano!!!

Quem diria! Comecei como editor de estilo (acho correto eles não colocarem editor de moda) em abril deste ano. Foram 8 edições até agora, 100 páginas com matérias, editoriais e stills. Neste caminho muitos erros e acertos. Sei que o público que lê o blog, não compra a PLAYBOY, mas de qualquer forma, dentro do meio de moda masculina, anunciantes, assessorias e o público masculino, o resultado é muito positivo.

Numa palestra do Felipe Zobaran, Diretor de Núcleo das revistas masculinas da Abril, ele contou que a frase “eu compro a Playboy por causa das matérias” é um patrimônio da revista. Sim, o carro-chefe são as peladas, mas o diferencial são os artigos, entrevistas e a moda. Temos poucos títulos de moda masculina no Brasil e uma revista que vende como a PLAYBOY acaba sendo importante na minha área. Com todas as ações feitas pela Playboy, VIP e Men´s Health estamos falando de um público de 5 milhões de consumidores.

Minha referência sempre é o saudoso Fernando de Barros, quem eu conheci e entrevistei na época que eu estava começando na moda. Dediquei a ele a minha estréia na revista. Nem sempre conseguimos colocar texto completo e editorial em todas as edições, mas esta é a meta.

Moda masculina não passa somente pela questão da imagem, passa pelo texto informativo e muito serviço. Neste ano incluímos sempre uma duas páginas de beleza em cada edição. É a parte mais difícil de fazer, confesso. Tudo conta na hora de fazer a pauta. Desde o assunto, os produtos, como vão ser fotografados. Tem quer ser muito masculino nesta hora.

O bom é que toda a equipe se envolveu na moda. É realmente um trabalho coletivo. Na reunião de pauta, temos o Edson Aran (Diretor de Redação), Alexandre Ferreira (Diretor de Arte) e Jeferson de Souza (Redator-Chefe). Em cada pauta tem sempre alguém da arte que acompanha, seja o Alexandre, Rogério Maroja (editor de arte) ou a Thais dos Anjos Rezende ou o Daniel Motta (designers).

Na última edição do ano, a coisa não foi fácil. Estamos fechando simultâneamente 3 edições: dezembro (que está nas bancas), janeiro e fevereiro. É uma paulada só. Choveu muito em novembro, pautas caíram e um editorial de verão que seria fotografado numa piscina acabou não sendo fotografado.

No final de tudo o que ficou:

Branco+Preto= Cool
Editor de Estilo: Ricardo Oliveros Foto:Tarciso de Lima Stylist: Mauricio Mariano

No “verão dow jones”, lembre-se do lema do design moderno: less is more. Investir em peças clássicas como preto e branco é uma saída para não gastar seu dinheiro à toa e ficar literalmente a ver navios. De quebra, está pronto para fazer bonito de Copacabana a Anse Source d’Argent.

Produtor de moda: Caio Garro. Beleza: Emerson Murad (ABAmgt) Modelos: Yuri Campos (TEN) Fernanda Lisboa (Elite)

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FELIZ ANO NOVO!
Foto: Max Schendel Produção: Caio Garro
Não importa se na passagem de ano você está na praia, campo ou cidade, usar roupa branca é bom para atrair boas vbrações. A PLAYBOY não acredita em bruxas, mas que elas existem, existem. Então, para atrair só gatas em 2009, veja as peças que selecionamos e que podem ser misturadas sem medo de errar.

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LÁ VEM O SOL
Fotógrafo: Gustavo Lacerda Produção: Sandra Godoy

Usar um filtro solar de 2 em 2 horas evita doenças como câncer de pele. Além disso, para não ficar parecendo um pimentão, vale a pena preparar a pele antes do sol deixando ela limpa para que a ação dos protetores seja mais eficaz. Um hidratante e produtos específicos ajudam a evitar aquela sensação ardida pós-sol. Veja os produtos que a PLAYBOY elegeu para um verão mais saudável.

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PENSE MODA :: Hora de (re)pensar os achismos

Hoje uma mesa que prometia pegar fogo no Pense Moda, na verdade foi uma grande decepção. Os editores Alcino Leite Neto (Folha de S.Paulo), Erika Palomino (Key), Daniela Falcão (Vogue), Paulo Martinez (Mag!) e Susana Barbosa (Elle); os fotógrafos André Passos, Bob Wolfenson, Daniel Klajmic e as stylists Chiara Gadaleta e Letícia Toniazzo foram os convidados para debater. Joyce Pascowitch mediou a conversa.

Em vez de colocar o que foi dito (para isso você pode ler no Pense Moda), preferi fazer com que a finalidade do evento fosse cumprida: ser um start para uma discussão que não ficasse restrita somente a quem estava ali. Fomos convidados para repercutir o que está sendo debatido. Tanto que os blogues são credenciados como imprensa.

Vamos por partes. No ano passado, uma grande reclamação de fotógrafos e stylists recaiu sobre as editoras de moda. Na matéria sobre a mesa dos fotógrafos está lá:

“A coisa começou a complicar quando Daniel Klajmic disse que o problema também está no receptor do trabalho, no caso, as editoras de moda: ” A imagem de moda no Brasil é construída por referências internacionais óbvias. Quantas editoras estão preparadas para receber algo novo?

André Passos colocou mais lenha na fogueira: “Quando damos sugestões de algo mais autoral, geralmente elas dizem Mas vamos fazer isso aqui? Minha leitora não vai entender isso…

O assunto foi retomado pelos stylists:

“Numa reunião de pauta, muitas vezes a referência do editorial já está lá com a página marcada e tudo. Eu queria assim”. Thiago Ferraz

“Só que a gente não tem o Steve Meisel, não temos o casaco de pele Gucci, então fica tudo meio tosco”, Paulo Martinez

O assunto foi tão quente que a mesa de hoje foi criada exatamente por causa disso. Só não sei o que aconteceu, se foi a fala da Daniela Falcão que se livrou do seu teto de vidro (ou cristal?) e desviou o assunto da referência e levantou a bola em outra direção. (Não resisti e coloco o maravilhoso vídeo-síntese da Oficina de Estilo no seu post: complete a frase com a gente para que você entenda o que é levar a discussão para outro lugar)

Parecia que em um ano, as referências que viram cópias era coisa do passado. Que hoje as redações estão muito mais maduras ou “por falta de termpo” nem dá tempo de ver referências, como disse a Suzana Barbosa. Então, alguém pode me explicar estas imagens, que o Vitor Angelo (Dus*****Infernus) coloca na sua matéria Strike The pose, Vogue:

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Vogue América, abril 2008

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Vogue Brasil, junho 2008

E antes que as pessoas achem que isso é uma postura pessoal, eu mesmo faço meu mea culpa, sem problemas. Na PLAYBOY para conversar com os fotógrafos e stylists sempre usamos referências para dar uma idéia de luz, de clima no editorial. No editorial Miragem, pegamos a propaganda da Louis Vuitton como base.

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O resultado foi esse:

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A KEY nas suas primeiras páginas coloca um mosaico de imagens e coisas que serviram de referência para edição. É normal e como diz uma pessoa bem famosa no meio da moda: “pode copiar não vai ficar igual mesmo”.

Dois textos sobre a cópia que eu adoro são: Pócopiá! da Erika Palomino na Key e Veneza e as cópias do Vitor Angelo. Erika coloca: Em tempos de softwares abertos a cópia está liberada: “a autoria é cada vez menos relevante, tanto nas artes, quanto na vida. Perder tempo assumindo o caráter precursor da calça skinny, da estampa floral mixada, do primeiro xadrez ou do salto anabela é pura…falta do que fazer”.

Por sua vez, Vitor pondera: “Vendo as réplicas de Veneza, penso que sim, existe inferioridade, mas também existe a sinceridade de quem copia, algo como a sussurrar pra nós: “Eu gostaria de ser assim e pelo menos eu tentei mesmo tendo fracassado”. Até porque Veneza não é apensa essa cenografia que imprime tão forte nos cartões-postais, existe a cidade dentro dela. De muitas formas, existe muitas verdades originais em uma cópia!”

O problema é não assumir, é dizer que uma coisa é original e não é. O Paulo Martinez, que cada vez que ouço e vejo fico mais encantado, resumiu numa única frase hoje: “A gente tem que ter orgulho do que fez até agora, copiando ou não copiando. Aliás, melhor copiar do que fazer mal feito”.

NO BAIRRO DO ACHISMO

Daniel Klajmic, André Passos, Leticia Toniazzo, Chiara Gadaleta e Marcelo Gomes bem que tentaram trazer a discussão sobre quem decide o que entra e o que não entra, o que serve e o que não serve como imagem para uma determinada publicação. Uma pena porque esta discussão não emplacou.

Com meus botões, comecei a pensar que falta mesmo são dados qualitativos e quantitativos para termos de fato um melhor direcionamento nos poucos títulos de moda no país. Tanto Paulo Martinez quanto Erika tocaram neste assunto. Faltam títulos no Brasil que permitam maiores experimentações e erros. As revistas que existem estão cristalizadas porque a margem de erro tem que ser mínima. Aí o círculo vicioso continua: vou chamar fulano porque já estou acostumado, não vou ter nenhuma surpresa e por aí vai.

Voltando ao direcionamento técnico. Não existem pesquisas de comportamento que avaliem as necessidades, diferenças, desejos dos diferentes consumidores de roupa no Brasil. É o que acabei chamando de bairrismos egocêntricos. Cada revista se pauta pelo seu bairro, por um imaginário de mulheres (e homens) que estão na cabeça dos diretores e editores. Mulher-chic-viajada-e-informada da Vogue; mulher-que-trabalha-num-cargo-com-certa-imortância da Elle; homem-de-35-anos-já-bem-colocado-na-profissão da Playboy e por aí vai.

Mas não existe uma comprovação real disto tudo. Na Playboy por exemplo, uma pesquisa apontou que a maior preocupação do homem na moda é saber como ele se veste de modo casual para trabalhar, porque muitos lugares não exigem mais o terno e gravata. isso é um indicativo importante e real.

Por outro lado, tem a relação delicada/complicada com os anunciantes da revista. Ou seja, quando uma marca anuncia num veículo x ou y, ele está pensando no tipo de leitor/consumidor desta revista, já que as pautas são direcionados para ele. Ou que se imagina que seja.

Exemplificando: num almoço o dono de marca X me perguntou porque as roupas dele não apareciam na revista e eu disse que o perfil dele era para um público jovem. Ele questionou, mas não é o adolescente que lê Playboy? Respondi que o adolescente lê, mas ele está interessado nas peladas, pois é a fase de descoberta sexual etc, mas não é ele o consumidor dos textos, do lifestyle que a revista se propõe.

Tenho sempre como parâmetro as outras revistas masculinas da Abril: perfil mais jovem da VIP, a outra dedicada ao homem mais ligado ao esporte e aos cuidados com o físico da Men´s Health e meu cuidado para não esbarrar nas pautas (de moda) deles. Afinal, a Abril não teria 3 títulos masculinos se os públicos não fossem diferenciados. É claro, que na vida real, nada é tão limitado assim. Um jovem pode precisar de uma roupa mais formal, assim como o adulto de um look mais descontraído.

É nesta hora dos limites e contradições próprias do dia-a-dia da redação que fico pensando: não daria para fazer uma pesquisa nacional sobre padrões de consumo? Afinal, o mercado está cada vez mais complicado, a beira de uma crise, o consumidor mais exigente, a informação que chega aqui , chega no interior e ainda estamos pensando numa suposta Zona Sul…

Bom, por hoje é isso. A discussão continua e que bom que tem o Pense Moda para levantar estas e outras questões, não é mesmo?

TANTO QUE FIZ UM OUTRO POST SEM O CALOR DO MOMENTO, (RE) PENSANDO O QUE ESCREVI AQUI

Roupa Nova de Guerra

Um exercício de desapego é a conclusão de mais um fechamento da PLAYBOY. Alguma coisa sempre cai da pauta original pelos mais diferentes motivos. Desta vez foi meu texto que abria o editorial Miragem de roupa safári.

Bom, como tenho este blog resolvi publicar aqui, assim o trabalho não se perde, não é mesmo?

ROUPA NOVA DE GUERRA

por Ricardo Oliveros

Quando os colonizadores ingleses do século XIX chegaram em terras como a África, Índia e Austrália, logo trataram de adaptar seu guarda-roupa ao clima quente. Por questões de praticidade, o exército foi o primeiro a adotar um novo uniforme.

De acordo com João Braga, professor de História da Moda, “a primeira coisa foi se livrar dos enfeites e tecidos pesados originalmente utilizados na Inglaterra. Não podemos falar de camuflagem, porque é um conceito posterior, mas de um certo mimetismo na escolha da cor caqui, mais próxima dos tons da terra e da areia”. A palavra caqui vem do Persa khak que significa pó, e khaki que significa poeirento, empoeirado ou cor de terra.

Sir Harry Lumsden e o uniforme usado no século 19 na Índia

Quem foi o responsável pelo uso do uniforme caqui foi Sir Harry Lumsden, quando era comandante das tropas inglesas na região indiana de Punjab em 1846. Ele trocou suas calças brancas por pijamas para aliviar o calor. Para disfarçar ele mandou tingi-las com um colorante feito de mazari, uma planta local que tinha uma cor próxima da terra. Lumdsen descobriu que suas calças caquis eram mais apropriadas para o campo de batalha do que as calças brancas e túnicas vermelhas do uniforme original.

A idéia original do comandante acabou tornando-se oficial em 1884. A moda do uniforme caqui acabou chegando nos Estados Unidos quando foi a cor adotada na guerra contra a Espanha em 1898. Depois, este uniforme passou a ser usado nas expedições pelas savanas e desertos por exploradores, por isso recebeu a denominação “roupa safári”. O cinema aproveitou bem o figurino e não existe filme que se passe em regiões quentes que não tenha algum herói (ou não) usando este tipo de conjunto.

Lawrence da Arábia (1962)

Filmes como “Lawrence da Arábia” e “Raposas do Deserto” mostram soldados usando os uniformes com a cor caqui. Já em “Indiana Jones” e “A Múmia” nossos heróis aparecem com calças e camisas que são inspiradas nas roupas do exército. Em “Entre dois amores” (1985) podemos observar como a aristocracia inglesa tentava se manter elegante numa fazenda de café no Quênia.

Entre dois amores (1985)

O diretor italiano Bernado Betolucci dirige “O céu que nos protege” sobre a história de um casal de americanos em viagem pelo Saara. No Brasil, “Bale Perfumado” mostra tanto o Lampião quanto um fotógrafo libanês usando a versão brasileira para os figurinos ideais para calor desértico. Faça amor, faça guerra, a roupa bege e branca está onipresente em todos eles.

O Céu que nos protege (1990)

Em 1953, quando foi eleito prefeito de São Paulo, Jânio Quadros usava jaquetas tipo safári apelidados de pijânios. Quando foi eleito Presidente, em 1960, tentou impor “sua moda” fazendo uma lei que obrigava aos funcionários das repartições públicas a substituir o terno pelo conjunto safári. Como sabemos a lei não pegou, assim como outra em que ele proibia o uso do biquíni na praia.

Mesmo que a moda deixou de ser uma lei a ser seguida, a roupa safári volta em versão light para o verão, em busca do conforto e da elegância na guerra contra o calor de 40o na selva urbana. A frase é um clichê, mas as roupas que a PLAYBOY elegeu são um clássico para o homem conquistador.

Editorial Miragem (foto Martin Dijsktra)